Arco-Íris


Toda a manhã assomava à janela e dizia – Bom dia! - se fazia sol ou chuva cinzentinha como a capa da Ti Joaquina que vendia sardinha na praça.

Eu gostava daquela Tia de olhos de mar e também gostava da Joaquina porque tinha dois gatos: a Tareca e o Tareco, que era filho da Tareca.

A minha Tia também gostava de mim e da Joaquina e dos gatos e todos gostávamos de sardinhas.

Cresci.
Fiquei igualzinha à Tia Celestina e ela ficou igualzinha à Ti Joaquina

- “Tenho gatos pequeninos,
tenho sonhos de luar”
- cantava ela, e os gatos, esperando aquela sardinha acabada de pescar!

E o tempo passou...

Sinto falta das histórias da Tia que me faziam voar em tapetes andaluzes…
dos seus abraços redondos, alaranjados…
mas o pior das saudades
são beijos doces, vermelhos de morango,
coroados de “Bons dias” amarelos, como pintos, num campo de girassóis!


Joaninha Lobo

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