Eu - Aline Arantes
Eu acordei desconvexa. Sempre tive orgulho de ser
curvada para fora, mas, hoje, não estou. Não é que esteja exatamente côncava,
pelo contrário, não posso me inclinar aqui para dentro. Escuro demais, barulho
demais, entulho demais. Muito menos direita, rija, isso é algo que nunca soube
ser. Minha avó já dizia, “essa daí, jamais será linha reta”. E eu, não sei se
porque cheirava orgulho em sua voz, nunca tentei discordar. Mas hoje acordei
desconexa, talvez até um pouco perplexa
com tamanho contrassenso: desconvexa, eu?
Aline Arantes
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