Eu - Kungokhala


Eu vejo através de um véu:
Visão fosca, embaciada.
Cuido da minha moldura:
Estão meus esforços circunscritos.
Recolho os despojos do dia:
Em minutos iludidos de excessiva utopia...

Do ventre de minha mãe
Tive origem no vazio;
Caminho por este troço
Emudecido, em pousio,
Aguardando a sementeira
Frágil, oculta e inteira,
Germinando trigo e joio.

Ao crepúsculo, desce seu véu o luar.
O que era agora visível
Grisalho restou, por fim.
Nesta noite de breu
Em consumado apogeu,
Entrego-lhe o inevitável:
Inteiramente, o meu eu.

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