Poço
Desejava toda a água que havia no fundo daquele buraco. Pensava que, eventualmente, essa água a pudesse preencher de novo, porque aquela que outrora existira dentro do seu corpo, da sua alma, parecia ter evaporado. Dava voltas ao buraco todas as tardes. Corria, esperneava, gritava, sempre com uma mesma frustração peculiar. Diziam que a água era um bem essencial ao ser humano e, pela primeira, ela vez sentia isso… de forma tão cruel.
Um dia, acompanhada pela sua frustração habitual, encontrou uma pipeta. Um pequeno pedaço de plástico. Olhou para aquele objeto algo feio, que parecia dotado de uma força inigualável. Aproximou-se do buraco que parecia agora mais fundo. Desejou a água mais do que nunca. Saltou, e nesse preciso momento, viu-se sozinha na imensidão do universo. Quando chegou ao fundo, apanhou com a pipeta todas as pequenas gotas que conseguiu encontrar. Colocou-as em si e a felicidade invadiu-a.
Carolina Pinto
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