Saudade
Na Primavera, a Andorinha chegava a Lisboa; e todos os dias, antes de amanhecer, a Andorinha e o Pardal encontravam-se nas escadinhas da Mouraria. Juntos, voavam até à franja de areia que dá para o rio, no Terreiro do Paço.
Nesse pequeno areal, até o sol nascer, a Andorinha e o Pardal falavam e brincavam. Jogavam às escondidas no labirinto de estacas de madeira junto ao cais. Contavam histórias, enquanto procuravam minhocas. E, juntos, riam-se das aventuras da Andorinha a tentar caçar gafanhotos no deserto.
No Outono, a Andorinha despedia-se do Pardal e voava para os lugares onde o tempo era mais quente. E todas as madrugadas, o Pardal descia da Mouraria para o rio. Sozinho, na mesma franja de areia, o Pardal ouvia a Andorinha a contar as suas histórias – e sorria, até à Primavera seguinte.
Alice B. Sobral
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